Desde Outubro de 2002 que o CAD do Porto realiza testes confidenciais e gratuitos ao VIH. A inovação introduzida ontem é a rapidez e facilidade do diagnóstico. Os tradicionais métodos, que obrigam a uma colheita de sangue intravenosa e uma semana de espera dos resultados, foram substituídos por testes rápidos que, meia dúzia de minutos depois de uma picada no dedo, revelam a positividade aos tipos 1 e 2 do vírus da imunodeficiência humana (VIH). Só no primeiro dia, 30 pessoas recorreram a este serviço que, até agora, estava disponível apenas na unidade móvel do CAD de Lisboa.
A rapidez do teste não dispensa, porém, uma pequena consulta com um enfermeiro ou um psicólogo para avaliar o perfil de risco do utente, explicou ao JN Luís Pimentel, coordenador do CAD do Porto. A experiência de três anos e mais de 4.000 utentes do CAD do Porto confirma o que numerosos estudos indicam falta informação e, acima de tudo, escasseiam práticas sexuais seguras, sublinha o enfermeiro João Rodrigues. É habitual os utentes desconhecerem algumas vias de contágio e usarem incorrectamente os métodos de protecção. A consulta é uma oportunidade para esclarecer e consciencializar acerca dos perigos das doenças sexualmente transmissíveis.
Outra questão importante é preparar a pessoa para a eventualidade de um resultado positivo e avaliar que recursos dispõe para lidar com uma doença tão estigmatizante como a sida. Se o teste rápido revelar a presença do vírus, é necessário proceder a um exame de confirmação. É marcada uma nova consulta e, se o resultado for validado, o doente é imediatamente encaminhado para os serviços de saúde da sua área de residência. O CAD tem protocolos que asseguram a marcação de uma consulta de infecciologia no prazo de 48 horas. Sem burocracias.
Há casos em que , mesmo com teste negativo, é aconselhável agendar novo encontro. "Para muitas pessoas, tanto jovens como menos jovens, é muito difícil dizer que não a comportamentos de risco. O que fazemos aqui é avaliar o custo/benefício de cada opção para que perceba que manter relações sexuais desprotegidas é um risco desnecessário", explica Luís Pimentel.