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Sábado, 23 Dezembro 2006 10:57

PORTUGAL
Só um por cento dos portugueses fez teste de VIH/SIDA depois de campanha



Coordenador nacional para a infecção afirma que a publicidade nem sempre é o melhor veículo


Só um por cento dos portugueses decidiu ir fazer o teste da sida depois de ter visto a campanha de promoção do teste Não vivas às escuras, que passou nos canais generalistas de televisão e esteve em outdoors entre 9 Outubro e 5 de Novembro, revelam os resultados de uma sondagem encomendada pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida.

Naquela que é, segundo a coordenação nacional, a primeira avaliação do impacte de uma campanha sobre sida, concluiu-se que o grau de lembrança da campanha é baixo. Só 1,6 por cento dos portugueses recorda esta campanha espontaneamente, e só depois de questionados há 34 por cento que se lembram dela. A sondagem da Marktest, a que o PÚBLICO teve acesso, foi feita telefonicamente no mês passado, junto de 808 pessoas, representativas da população portuguesa com mais de 18 anos.

Mesmo entre os que recordam a campanha, nem sempre a mensagem principal foi apreendida. Só 8,7 por cento reconhece que se trata de um apelo à realização do teste, 6.5 por cento associa-a à prevenção da sida, 5,4 por cento cita referências do próprio anúncio, quatro por cento diz que promove o uso do preservativo ou de outros métodos contraceptivos.

A campanha custou à coordenação 100 mil euros, somados aos mil euros comparticipados pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. O público-alvo era a população em geral e teve como motor um estudo da coordenação, de Agosto deste ano, onde se constatou que 73 por cento da população nunca fez o teste - só 27 por cento dizia tê-lo realizado.

Nesta segunda sondagem, continuam a ser apenas 27 por cento os que dizem já ter feito um teste no passado. Mas só 0,9 por cento decidiu realizá-lo depois de ter visto a campanha. No universo total de inquiridos, são 17.5 por cento os que manifestam a intenção de fazer um teste nos próximos três meses.

Folhetos sobre sida pouco populares

Tendo em conta estes resultados, o coordenador nacional para a infecção VIH/sida, Henrique Barros, admite que, muitas vezes, possa não fazer sentido "gastar milhares de euros para colocar campanhas que concorrem ao nível de detergentes e cervejas". A mensagem dilui-se num contexto em que há grande competição pela atenção do receptor, nota.

"A publicidade esporádica pode servir em momentos-chave em que é preciso chocar ou lembrar", mas a grande aposta deve ir para outro tipo "de conteúdos informativos e educativos", o que passa, por exemplo, por filmes, peças de teatro, debates, entre outros.

E, aqui, o papel da televisão é muito importante. A sondagem revela que é na televisão que existe maior "recordação de campanhas informativas ou publicitárias sobre sida". Ainda assim, este valor fica-se pelos 9,7 por cento. Logo de seguida estão as campanhas da Associação Abraço (3.5 por cento) e os jornais ou revistas (1,9 por cento).

Na lista das informações sobre sida mais recordadas estão, de seguida, as veiculadas em centros de saúde e hospitais (1,6), as mensagens em outdoors (1,1 por cento); as que passam na rádio e estão em folhetos são recordadas, em cada um dos casos, por 0,7 por cento dos portugueses. "Há pessoas que acham que se deve inundar o mundo com folhetos sobre sida", ironiza Henrique Barros, referindo-se ao baixo grau de recordação deste veículo. São 74,9 por cento os que não sabem ou não respondem quando lhes perguntam se recordam alguma campanha sobre sida.

É na televisão que as pessoas mais apreendem informação sobre sida. "É inacreditável que a televisão pública tenha assinalado a semana de luta contra a sida com uma grelha especial de programação que começou de madrugada", comenta Henrique Barros.

Tentando fazer passar mensagens de prevenção da sida de forma não publicitária, a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida sugeriu que uma telenovela para jovens, que está em exibição, tivesse uma personagem seropositiva. Sem sucesso, explicou Beatriz Casais, assessora de comunicação da coordenação. Ficou apenas o compromisso informal de introduzir conteúdos de prevenção em diálogos. Mas este tipo de veículo "vale mais do que mil campanhas publicitárias", admite Henrique Barros.

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