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Terça-feira, 21 Setembro 2010 15:46

PORTUGAL
QueerLisboa14 - resumo do dia 4



O quarto dia do Queer Lisboa foi dia de visionamento de documentários, Mogadishu Dreaming; Cameroun, e Postcard to Daddy.


Três espaços que nos levam à reflexão e ao sentir da sorte que por vezes temos de viver em Portugal, mas ao mesmo tempo o sentimento de pesar pelo sofrimento de irmãos que em terras como Mogadishu, e Camarões, sofrem a repressão e o medo de serem seres humanos de uma “estirpe” incompreendida, diria temida até pela ignorância dos demais.

“Mogadishu”, é o monólogo de um natural dessas paragens agora a viver em Sydney, e que através da sua arte, da sua pintura, mostra o seu pais e dele fala com o desejo de que venha a ser um país onde se possa viver em liberdade, onde cada ser humano possa ser livre na sua condição de ser branco ou negro, gay ou hetero. Fala-nos de uma país (Somália) onde os homossexuais são prosseguidos, e que por isso ele se viu obrigado a adoptar um outro país.

Esta curta-metragem é seguida de uma longa, o documentário “Cameroun: sortir du Nkuta que nos fala de outro país onde ser-se homossexual é punido por lei com uma pena que vai de seis meses a cinco anos de prisão!

Assim este trabalho mostra-nos o trabalho destemido, consciente, e voluntarioso de uma advogada que acompanha e defende as pessoas detidas por crime tão vil, como serem homossexuais. Acompanha-os não só no tribunal mas também nas suas casas e espaços de sociabilização, e é um aliado fundamental de uma associação que luta pela defesa dos direitos das pessoas GLBT. Entre os diversos protagonistas deste documentário destaca-se as palavras de uma mulher lésbica já perto do fim do filme que diz algo do género, “…hoje já é melhor que aquilo que era antes, hoje já somos mais ou menos tolerados”.

A noite foi preenchida com a historia dramática de Michael Stock com documentário “Postcard to Daddy”. O percurso doloroso de um jovem que durante a sua infância e adolescência foi abusado pelo pai. Numa família aparentemente feliz, e um pai atencioso, Michael o mais novo

de três irmãos era abusado no vazio da casa. Mostra-nos uma irmã incapaz de perdoar o seu pai pelo que fez ao seu irmão, enquanto o irmão mais velho embora não compreenda a acção do seu pai, se mostra menos ferido e por isso mantém a sua ligação ao pai. A família unida e feliz de outrora está agora separada, a mãe que nunca havia desconfiado de nada, é hoje uma mulher “felina” que rodeia o seu filho protegendo-o hoje dos ataques que a sua mente por vezes lhe faz trazendo o passado ao de cima. O filme mostra-nos uma longa caminhada percorrida de barco, avião, comboio, ou de carro, por diversas paragens, numa busca da paz que mãe e filho carecem.

No final Michael coloca-nos frente a frente com o violador pedófilo, o seu pai. Hoje um velho preso a uma cadeira de rodas, numa expressão isenta de remorso.

Depois do filme fez-se um breve debate onde Michael nos diz que perdoar não mas a reconciliação era o que procurava, por sua vez a sua mãe também presente na sala adianta que fica feliz pelo seu filho encontrar a paz que buscava, mas os sentimentos dela vão de algo parecido com a vontade de sufocar o homem que um dia foi seu marido ou ignorar a sua existência.

Presentes na sala estiveram também para comentar e enriquecer o debate, Daniel Coutrim, representante da APAV e Paulo Jorge Vieira, da Associação Não Te Prives.

A retirar destas duas intervenções, o ponto assente de Coutrim que este filme é a realidade mais presente na nossa sociedade, isto no sentido de que as violações dão-se dentro do agregado familiar mais que aquilo que o mediatismo de determinados casos conhecidos de todos fazem querer. Já Paulo Vieira salientou a importância que tem estes testemunhos e citou como comparação o documentário de Ronaldo Arenas, já apresentado no Queer Lisboa numa edição anterior, onde se vê uma Cuba que reprime, persegue e detêm as pessoas homossexuais.

PORTUGAL: QueerLisboa14 - resumo do dia 4

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