O anúncio foi anteontem feito no Reino Unido por John Gonzalez, fundador do "site" ManNotIncluded.com. Gonzales afirmou, citado pela BBC "on line", que este deverá ser o primeiro caso de um bebé a nascer no Reino Unido com a ajuda da World Wide Web. Sabe-se pouco sobre o casal de lésbicas, uma vez que não quiseram ser identificadas, mas Gonzales diz que já por várias vezes tinham tentado ter um filho. "Já tinham desistido e agora estão muito felizes", declarou, acrescentando que tanto a mãe como o recém-nascido estão de boa saúde. A lei britânica permite que mulheres solteiras e lésbicas possam recorrer à inseminação. Contudo, Gonzales considera que são tratadas de maneira discriminatória. "O ManNotIncluded.com serve para dar a todas as mulheres a possibilidade de ter crianças sem medo de ser alvo de preconceitos", acrescentou, adiantando que mais 19 estão actualmente grávidas, depois de terem adquirido esperma no seu "site". O ManNotIncluded nasceu há um ano e já tem um registo de mais de 5500 dadores anónimos. Os casais de lésbicas que quiserem aceder à base de dados devem pagar cerca de 1100 euros. Depois é necessário eleger um dador - estão disponíveis, lê-se no "site", de todas as origens étnicas. Este serviço promete ainda o acompanhamento permanente da futura mãe, bem como a possibilidade de a inseminação ser feita em casa, pela própria, ou num centro. Há quem exija que o "site" seja encerrado, por ser considerado um perigo. A Autoridade para a Fertilização Humana e Embriologia limita-se a aconselhar as mulheres a recorrer a uma clínica licenciada "onde o esperma doado é amplamente testado". Em Portugal, não existe ainda legislação relativa a reprodução medicamente assistida, como explicou ao PÚBLICO Mário de Sousa, do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, no Porto. Mas há normas de conduta, da Comissão de Ética e da Ordem dos Médicos, que não permitem a inseminação de pessoas sós ou de casais homossexuais, continua. Estes processos, aliás, só têm seguimento "por indicação médica". Ou seja, inseminação de casais homossexuais "só se for em segredo" ou no estrangeiro. A Net vem "resolver isto", continua o professor, no sentido em que torna disponível para todos a possibilidade de adquirir sémen. O que importa, sublinha Mário de Sousa, não é perseguir este tipo de oferta. O fundamental é que as pessoas que acedem a estes "sites" saibam quais as normas internacionais que regem a inseminação (tipo de análises exigidas aos dadores, por exemplo) e tenham garantias de que são cumpridas