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Sexta-feira, 21 Março 2014 21:08

EUA
Morreu o criador de God Hates Fags



Fred Waldron Phelps nasceu em Meridian, Mississipi a 13 Novembro 1929 e segundo ele mesmo teve uma infância “feliz como um pato”.


Foi criado como metodista, fez parte dos escoteiros, chegou a ser selecionado para a Academia Militar dos EUA mas não chegou a West Point.

Uma vez disse que foi num encontro metodista que sentiu o "chamado para pregar". Foi ordenado ministro batista em 1947, foi missionário e pastor no oeste dos EUA e no Canadá até se estabelecer em Topeka, Kansas em 1955 e fundar a sua própria igreja.

Formou-se em direito civil em 1964, mas em 1979 o Supremo Tribunal do Kansas retira-lhe a licença por ter feito declarações falsas em documentos judiciais e não mostrar respeito pela ética profissional.

Phelps candidatou-se a Senador pelo Kansas (concorreu quatro vezes, e quatro vezes foi derrotado tendo conseguido em 1992, chegar a 30% dos votos) e foi nessa altura que adensa-se na doutrina da sua igreja sendo visto por muitos americanos como alguém que leva as coisas ao limite, um limite que o levou à barra do tribunal.

A doutrina do ódio

A sua igreja inicia uma cruzada pública contra a homossexualidade, começando com protestos em funerais de vítimas de VIH/Sida.

Mas o ódio da igreja rapidamente passou para toda e qualquer pessoa que mostrasse algum apoio ou respeito, por muito ténue que fosse, a pessoas homossexuais.

Um dos alvos foi o reverendo Jerry Falwell que morreu em 2007: durante o seu funeral membros da igreja de Phelps manifestaram-se carregando cartazes onde se poderia ler “god hates fags” (algo como "deus odeia as bichas"). Nas palavras de Phelps quem não despreze a homossexualidade entra no grupo dos que "vão todos para o inferno".

A opinião de activistas LGBT

Na opinião de ativistas LGBT americanos Phelps acabou por dar um grande impulso à luta LGBT, porque as suas ações fizeram dele a imagem estrema do ódio e deu maior ânimo a familiares e amigos das pessoas LGBT que se aproximaram mais uns dos outros apoiando os seus filhos e amigos.

Manifestações em funerais de militares

Phelps também apontava todas as desgraças como sendo culpa dos americanos "apoiarem" a homossexualidade. Era normal ter haver manifestações da igreja de Phelps nos funerais dos militares falecidos no médio oriente e em outros cenários de guerra. Estas mortes aconteciam como "castigo divino" pela América ser tolerante com as pessoas LGBT. E Phelps dava mesmo graças a Deus pelos militares mortos.

O pai de um militar da marinha falecido em 2006, processou Phelps e a sua igreja por este organizar uma manifestação durante o serviço fúnebre do seu filho. Ganhou o processo no valor de 11 milhões de dólares, quase 8,000,000 euros, mas o Supremo anulou a sentença alegando que embora Phelps provoque dor aos familiares das vítimas, a Primeira Emenda Constitucional protege o seu direito de manifestação.

A resposta da sociedade

Mas as ações de Phelps inspiraram 40 estados a criarem leis limitando protestos e piquetes em funerais. A situação chegou a tal ponto que Phelps e a sua filha foram mesmo proibidos de entrar no Reino Unido acusados de incitarem o ódio.

“A Igreja Batista de Westboro é provavelmente o grupo de ódio mais vil no EUA” quem o diz é Heidi Beirich investigadora no Southern Poverty Law Center, no Alabama Montgomery, “ninguém é poupado, eles atiram o seu ódio quando as pessoas estão mais em baixo”.

Uma família violenta

A maioria dos seus filhos seguiam a doutrina do pai como lei, mas membros da família mais afastada relatam que enfrentam espancamentos e abusos verbais. Mas os filhos defenderam as ações do pai dizendo que a disciplina estava na linha dos "padrões bíblicos" e que nunca foram "abusos".

A sua filha Margie Phelps disse em comunicado à Associated Press que o seu pai faleceu esta quarta-feira, não fornecendo qualquer detalhe sobre as razões da sua morte, apenas adiantou que “todas as suas necessidades foram atendidas” e que não haveria serviço fúnebre.

Precisamente o serviço fúnebre que Phelps negou a tantos durante anos e anos que se tentaram despedir com dignidade de quem tinham perdido.

Phelps e a morte

Numa entrevista dada ao repórter Joshua Kors, Phelps colocou-se numa posição quase divina quando questionado sobre o dia da sua morte. A resposta foi: “o próprio Senhor deve descer acompanhado dos anjos para me vir buscar, não estou à procura de nenhum agente funerário, estou à procura de ser levado para o céu”.

Fred Waldron Phelps faleceu esta quarta-feira aos 85 anos, serviço fúnebre já sabemos que não teve, quanto ao resto...

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