O relatório que custou 2 milhões de USD (1.3 milhões de EUR) encomendado ao John Jay College of Criminal Justice só estará completo no final do ano, mas os autores já vieram a público esclarecer que o facto de um padre ser homossexual ou heterossexual não é um indicador de que esse padre possa ser um abusador de menores.
"Os dados sugerem que a orientação sexual deve ser uma questão separada do problema do abuso sexual", afirmou Margaret Smith na conferência de Bispos Católicos dos EUA. "Neste momento, não encontramos nenhuma ligação entre a identidade homossexual e uma maior probabilidade de abuso com os dados que dispomos."
A afirmação veio como resposta à posição do Vaticano em 2005 que, em resposta aos escândalos de abusos sexuais de menores por padres, veio decretar a proibição de homens com "uma atracção profundamente enraizada" por outros homens de serem ordenados padres. A acção foi tomada tendo em conta que a maioria das vítimas conhecidas era do sexo masculino.
No entanto os especialistas em questões de abuso sexual já tinham vindo a público indicar que não há uma ligação entre orientação sexual e a probabilidade de ser um abusador de menores e que é preciso compreender a diferença entre ser homossexual e ter actos com menores do mesmo sexo apenas porque são vítimas mais acessíveis em determinado contexto.
O escândalo veio a público em 2002 com um padre predador em Boston, mas depois espalhou-se em todas as dioceses dos EUA e fora do país. Quase 14'000 acusações de abusos por padres Católicos foram apresentadas em tribunais desde 1950. Os custos para a Igreja Católica de tais processos ascendem a mais de 1500 milhões de euros.
Na imagem, cartaz da peça de teatro "A Dúvida" (que também foi adaptada para o cinema) que esteve em cena em Portugal com Diogo Infante e Eunice Muñoz e gira em volta da questão dos abusos sexuais de menores por padres e as posições da hierarquia da Igreja Católica sobre esta problemática.