O acordo com as vítimas foi visto nos EUA como um passo fundamental para recuperar a imagem da Igreja Católica americana, que no último ano e meio foi duramente afectada por múltiplas revelações de escândalos sexuais. A origem dos escândalos era precisamente Boston. A imprensa americana revelou detalhes sobre os crimes do padre John Geoghan, que abusou de dezenas de crianças ao longo de décadas perante a apatia das autoridades eclesiásticas. O caso de Geoghan desencadeou uma avalanche de acusações. Centenas de pessoas nos EUA disseram ter sido molestadas por padres católicos. Em muitos casos, estes padres não foram punidos pela hierarquia, mas apenas transferidos de uma paróquia para outra. O cardeal Bernard Law foi particularmente visado pelas críticas e acusado de ignorar as denúncias de abuso ao longo de décadas. A diocese parecia estar interessada apenas em proteger-se de processos judiciais, desprezando as queixas das vítimas. A equipa jurídica de Law reagiu com agressividade a alguns dos processos, e o cardeal chegou a ameaçar que a diocese declararia bancarrota. Em Dezembro, chegou a um acordo de dez milhões de dólares com 86 vítimas de Geoghan. Pouco depois, Law demitiu-se. O padre Geoghan, que cumpria uma pena de dez anos de prisão, foi assassinado na cadeia por outro presidiário no mês passado. O acordo agora anunciado é um marco na tentativa da Igreja americana se reconciliar com os seus fiéis. O acordo obtido em Boston já anteontem foi seguido em Seattle e pode servir de exemplo às outras 193 dioceses católicas dos EUA.
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