Richarlyson restringiu-se a dizer que foi desrespeitado. "É difícil entrar nesta questão, até porque não sou formado em Direito. Não tenho como avaliar a questão, mas não foi só um desrespeito a mim, foi também ao Brasil", afirmou o central do São Paulo.
O jogador de 24 anos revelou não ser homossexual, mas também disse que, se fosse, assumiria, pois teria o apoio dos familiares e acredita que isso não seria um obstáculo para sua carreira, e que seguiria sua vida normalmente. "Fazer o trabalho dentro do campo bem feito" é o que Richarlyson considera importante.
Este episódio recente começou com um rumor de que um jogador de futebol admitiria ser homossexual num programa de TV. A partir daí, a imprensa passou a repercutir esta 'revelação'. Durante uma entrevista ao programa "Debate Bola" da "TV Bandeirantes", no dia 26 de junho, o diretor do Palmeiras, José Cyrillo Júnior, foi questionado se o tal jogador era da sua equipa e o diretor respondeu: "Richarlyson quase foi do Palmeiras".
Richarlyson, então, procurou a Justiça e abriu uma queixa-crime contra o diretor palmeirense. A sentença foi mais surpreendente e preconceituosa que a entrevista do dirigente de futebol.
Manoel Maximiano Junqueira Filho, juiz responsável pelo caso, negou o pedido do jogador do São Paulo, justificando sua sentença com frases como: futebol é jogo viril, varonil, não homossexual; homossexualismo é uma situação incomum do mundo moderno que precisa ser rebatida; e não poderia sonhar vivenciar um homossexual jogando futebol.
Os advogados de Richarlyson entraram com uma queixa contra o juiz do caso, pelo "pensamento jurássico" e falta de imparcialidade do juiz titular da 9ª Vara Criminal da Comarca da Capital, e foram atendidos. Manoel Maximiano Junqueira Filho terá que explicar sua sentença ao Conselho Nacional de Justiça. Depois das explicações do juiz é que se decidirá sobre a instauração de processo administrativo contra o magistrado.
Além do caso recente de preconceito, Richarlyson afirmou já ter sofrido com a intolerância quando pequeno. Já sofri um certo racismo quando era criança. Quando meu pai jogava em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, eu estudava numa escola de freiras e eu era o único negro na escola. Tudo que acontecia na escola caia sobre mim.