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Segunda-feira, 13 Março 2006 12:25

BRASIL
Sondagem mostra contradição entre jovens de Fortaleza



O estudo foi realizado pelo jornal O Povo, de Fortaleza, Brasil.


Você tem algum tipo de preconceito contra homossexuais? O estudante Damião Rodrigues dos Santos, 14, é rápido na resposta: "Não, nenhum". Ele faz questão de dizer que "não se mete na vida do outro". Mas revela: "Acharia difícil aceitar um amigo que fosse (homossexual) e procuraria o ajudar para ele não ser mais". Damião não concorda com a união civil entre pessoas do mesmo sexo por considerar que "não é certo".

O estudante faz parte de um contraditório cenário: 81.5% dos jovens de Fortaleza, entre 14 e 24 anos, afirmam que não têm nenhum tipo de preconceito em relação a homossexuais. Mas 42.5 % dos jovens são contra à União Civil entre pessoas do mesmo sexo. E 66,3% não se incomodariam em saber que um colega de sala de aula ou de trabalho é homossexual. Os dados são da pesquisa O POVO/Ultradata, que entrevistou 600 jovens da Capital, de diferentes faixas de renda, nos dias 2 e 6 de fevereiro últimos. A margem de erro é de 4% para mais ou para menos.

"As pessoas tentam camuflar, mas o preconceito se revela nas atitudes", observa o professor de pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Luís Palhano Loiola. Ele é autor da dissertação de mestrado: "Coisas difíceis de dizer: as manifestações homofóbicas no cotidiano dos jovens". Para Palhano, as respostas da pesquisa traduzem a educação repassada na formação das pessoas. "A família, como grupo primário de socialização, é quem mais vai exigir do adolescente um determinado comportamento".

A pesquisa questionou ainda se os jovens teriam algum problema em saber que um professor é homossexual. Do total, 28.5% responderam que dependeria da atitude do professor, enquanto 6% afirmam que teriam, sim, problema com isso. "É uma contradição. Ao mesmo tempo em que afirmam não ter preconceito, se sentem incomodados com colegas, professores que sejam homossexuais", ressalta o pedagogo. Para ele, os que responderam que "dependendo da conduta" se sentiriam incomodados com um homossexual manifestam uma forma de preconceito. "O papel do professor é dar aula. Não ter qualquer postura incorreta. Se isso puder acontecer com um homossexual, pode também com um heterossexual", defende.

Apenas 36,3% dos jovens de Fortaleza concordam com a decisão de alguns órgãos públicos e empresas privadas de estender direitos de previdência e outros benefícios a parceiros de funcionários homossexuais. Outros 21.5% não concordam e para 9,2% tanto faz. "Quem diz tanto faz, também desaprova. Essa questão bate diretamente nos direitos sociais, como a questão da união civil", analisa o professor. Ele reforça que união civil é a garantia dos direitos constitucionais ao cônjuge, em uma relação estável. "Se é companheiro, por que não ter os mesmos direitos? Isso revela preconceito", acrescenta.

Palhano observa que os dados da pesquisa do Instituto Ultradata vão ao encontro de outros estudos sobre o tema. Fortaleza está no topo do ranking de discriminação contra homossexuais nas escolas públicas, de acordo com a pesquisa Juventude e Sexualidade, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e divulgada em março de 2004. O estudo ouviu cerca de 20 mil alunos de escolas públicas entre 10 e 24 anos, de 14 capitais brasileiras.

Cerca de um quarto dos alunos ouvidos no País afirmam que não gostariam de ter um colega homossexual. Em Fortaleza, o índice de rejeição é o maior do País, 30,6%. A Capital lidera também em discriminação entre pais de alunos: 47.5% não gostariam que homossexuais fossem colegas de classe dos filhos.

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