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Segunda-feira, 12 Julho 2004 00:57

SIDA
Kofi Annan Critica Inércia da Comunidade Internacional no Combate à Sida



A comunidade internacional não está a fazer o suficiente para combater a epidemia de VIH/SIDA, disse ontem o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, na sessão inaugural da 15º cimeira das Nações Unidas sobre sida que começou ontem na Tailândia e termina no sábado.


Kofi Annan abriu o evento em tom de crítica, acusando a comunidade internacional de inércia no combate à doença. "Se não for atacada, a sida devastará milhões de vidas e sobrecarregerá os sistemas de saúde da região, absorvendo recursos tão necessários para o desenvolvimento económico e social", disse, acrescentando que os progressos no combate à pobreza poderão ser anulados pela doença. Os apelos foram sobretudo dirigidos aos 34 representantes governamentais do continente asiático presentes no evento. Uma em cada quatro novas infecções são contraídas na Ásia: a China, a Indonésia e o Vietname são os países onde a epidemia está a ter crescimento mais acelerado. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgados ontem, vêm confirmar os efeitos da doença nas economias dos países. Segundo a Associated Press, até ao fim do próximo ano terão morrido cerca de 28 milhões de trabalhadores, o que coloca um enorme fardo sobre a população activa das nações mais pobres, informou a OIT. Na região mais afectada do mundo, a África subsariana, 12 por cento dos trabalhadores perderão a sua vida devido à doença, estima a organização baseada nas taxas de infecção actuais. Resultado: reduz-se a capacidade de produção e emprego e enfraquece o combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento. Ao mesmo tempo, Annan colocou o enfoque na situação das mulheres, que constituem cerca de metade das vítimas da infecção; na África subsariana este valor chega a 58 por cento. Mas um terço das nações ainda não têm programas de prevenção e tratamento vocacionados para este grupo, sublinhou o secretário-geral da ONU, citado pelas agências noticiosas. A falta de empenho das nações mais ricas no que toca às contribuições financeiras foi bandeira de activistas europeus e americanos que se deslocaram à conferência. O evento reúne cerca de 17 mil participantes, entre políticos, investigadores, doentes e celebridades. No Fundo Global contra a Sida, Malária e Tuberculose só um quinto dos 3.5 milhões de dólares (cerca de 4,2 milhões de euros) necessários para 2005 foram assumidos pelos países mais ricos, denuncia um comunicado assinado por várias organizações não governamentais. Entretanto, tanto a Austrália como a Tailândia fizeram questão de anunciar a concessão de verbas para a luta à doença. Depois de, na véspera do início da cimeira, ter sido reconhecido que a meta de fazer chegar tratamento a três milhões de infectados até 2005 é quase impossível de atingir, chega a vez de o Fundo Global contra a Sida, Malária e Tuberculose anunciar que um quinto dos seus programas falharam, nota a BBC online. O insucesso fica a dever-se sobretudo a entraves de ordem burocrática nos países das intervenções. A cimeira está também a ser marcada por protestos de manifestantes contra o primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra, que no seu discurso reconheceu que, se a situação na Ásia não for invertida, pode tornar-se igual à de África, refere a AFP. Um grupo de protestantes acusou o governante tailandês de ter mentido quando disse que vai pôr fim às penas duras para toxicodependentes, passando a lidar com eles como doentes. Os manifestantes alegam que os dependentes continuam a ser tratados de forma intolerante e reclamam programas de distribuição de metadona. O Director Executivo do Departamento da ONU contra a Droga e o Crime, António Maria Costa, instou ontem os governos a incluírem os consumidores de droga por via venosa nos seus programas de prevenção e tratamento da sida, caso contrário arriscam-se a uma explosão de casos, informa a AFP. Nos novos focos de infecção - Ásia e Europa de Leste - apontados pelo relatório da Onusida (apresentado na semana passada), os toxicodependentes são o grosso dos infectados. Costa deu como exemplo a Rússia que, defendeu, deve pôr fim a uma política que se limita a colocar os toxicodependentes na prisão e a fornecer-lhes seringas. "É triste, mas globalmente menos de cinco por cento e, em certas zonas de alto risco, só um por cento têm acesso a prevenção e cuidados médicos", reiterou o responsável. Cerca de metade dos cerca de 13 milhões de toxicodependentes no mundo vivem na Ásia. Há certos países em que os consumidores de droga infectados chegam aos 80 por cento, como em certas regiões da Ásia e da Europa de Leste, declarou Costa. Quase 38 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV. Mais de 20 milhões de pessoas morreram com sida desde que a doença foi identificada no seio de um grupo de homossexuais americanos, em 1981.

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