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Sábado, 9 Abril 2005 00:59

ITÁLIA
"Acredito em Deus mas não nesta Igreja"



Unidos na fé. Os 'gays' não rejeitam a Igreja, é ela que os rejeita. "Sou católico, mas não pratico, acredito em Deus, sou baptizado, mas não acredito na Igreja." Tal como muitos outros homossexuais de Roma, Mauro Cioffari, 34 anos, vive entre dois mundos. O mundo daqueles que se sentem iguais e unidos pela fé e o mundo dos que se sentem diferentes e rejeitados pelo Vaticano. Sindicalista metalúrgico da confederação FIOM CGIL e activista do movimento GayRoma, Mauro assistiu às cerimónias fúnebres de Karol Wojtyla "com respeito pela morte de um homem e com compaixão pela dor dos crentes". "Os gays nunca rejeitaram, a Igreja. É a Igreja que nos rejeita a nós". A comoção em torno do Papa não o faz esquecer "a injustiça" e as "contradições" do catolicismo, "o pensamento sobre o papel das mulheres, a negação da sexualidade das pessoas, a propagação da sida pela qual é grande responsável, os direitos dos homossexuais". Contradições que, afirma, têm no Sumo Pontífice um espelho fiel. "Passou a mensagem da paz, mas nunca a levou até ao fim, nunca tomou a decisão de excomungar quem promovesse a guerra". Estudou filosofia das religiões, é um apaixonado da história dos movimentos protestantes, da Reforma e da Contra-Reforma, e vê na Teologia da Libertação a salvação da Igreja. "O Vaticano tem que se abrir à sociedade moderna, fazer nascer uma nova Igreja", defende, na esperança, pouco convicta, de que essa seja a grande obra do próximo Papa. Por ser defensor deste movimento com origem na América Latina, espera que este seja sul-americano.


Também dirige críticas ao poder político. "Os políticos inclinam-se perante a Igreja, dão-lhe demasiado espaço. Vivemos num Estado laico, mas é o Vaticano que decide as listas do que fazer." Para Mauro, João Paulo II não tratou apenas da salvação das almas, também da condenação dos homens. "Foi um político", pressionou os países a não adoptarem leis que permitissem casamentos gay, mas não tomou posição contra os que punem a homossexualidade com pena de morte (16 estados) e com cadeia (25), exemplifica. A lista de temas sujeitos "à imposição de uma moral única" é extensa e vai da reprodução medicamente assistida, alvo de um referendo em Itália, ao aborto, passando pelo preservativo. É à Igreja iniciada por Lutero que vai buscar a certeza de que "os padres se podem casar, ter uma vida normal e filhos" e de que, dentro da Igreja, as mulheres devem ser iguais aos homens. Ao contrário de muitos gays da cidade, Mauro não foi ao Vaticano e é critica a peregrinação rumo à Praça de São Pedro. "Devia ser um momento íntimo e tornou-se em histeria colectiva. Foram ao Vaticano tirar fotografias, como se estivessem num concerto rock ou em turismo."

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