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Quarta-feira, 7 Junho 2006 15:15

PORTUGAL
Manifestações amanhã em vários países para lembrar Gisberta



Itália, Áustria, Alemanha, Espanha, França e Brasil associam-se a Portugal na recordação de "um crime de ódio"


A forma violenta como a transexual brasileira Gisberta Salce Júnior foi assassinada no Porto, em Fevereiro deste ano, não pode ser esquecida e as autoridades portuguesas não podem continuar a fazer de conta que nada aconteceu - esta é a principal reivindicação das manifestações marcadas para amanhã em vários países.

"A ideia é que a sociedade se questione sobre a sua responsabilidade num acto em que os fracos agrediram os ainda mais fracos", adiantou ao PÚBLICO a transexual Jó Bernardo, presidente da AT, associação para o estudo e defesa dos direitos de identidade de género, que integra a rede europeia transgénero e organiza o evento internacional.

Os organizadores do protesto consideram que o assassinato de Gisberta foi "um crime de ódio", mais concretamente de "transfobia", realça Jó Bernardo. "É um caso de violência, baseada em vários factores, mas também de transfobia - e não homofobia, como se quis fazer crer", afirma.

As manifestações, explica, não têm como objectivo "sacrificar as crianças" suspeitas do crime - um grupo de rapazes adolescentes, entre os 12 e os 16 anos, que viviam numa instituição de protecção de menores dirigida pela Igreja católica -, mas imputa à sociedade a responsabilidade pelas "instituições [de menores] em causa e sua forma de funcionamento".

Por isso, associações de transgéneros e transexuais de Itália, Áustria, Alemanha, Espanha e França vão manifestar-se amanhã em frente às embaixadas e consulados portugueses, "com o objectivo de expressar apoio aos esforços dos activistas portugueses e pressionar o Governo português a assumir as suas responsabilidades face a este crime de ódio", lê-se no manifesto internacional.

No Brasil, vai realizar-se no dia 9 uma sessão solene na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo, com uma homenagem póstuma a Gisberta, que terá a presença da sua família.

No manifesto, considera-se que o assassinato de Gisberta "teve cobertura enganosa da imprensa portuguesa" e que "o poder judicial minimizou-o e o político ignorou-o". "Em Portugal, tudo o que é possível está a ser feito para esquecer este horrível crime - sem consequências, acções judiciais ou mudanças nas leis", denuncia o documento.

Das reivindicações incluídas no manifesto constam a "reestruturação profunda do sistema de "protecção de menores" em Portugal"; "uma política social de assistência a grupos marginalizados"; "a inclusão explícita da "identidade de género" [e não apenas de orientação sexual] em legislação antidiscriminatória e protecção na legislação penal face a crimes de ódio motivados pela transfobia"; e facilidades no tratamento médico, incluindo "apoio financeiro para cirurgias".

Gisberta Salce Júnior vivia em extrema exclusão social na cidade do Porto, quando foi torturada e violada, antes de ser atirada para um poço, do interior do qual foi retirada já morta.

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