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Quarta-feira, 6 Setembro 2006 12:04

PORTUGAL
Oficina S. José proíbe rapazes de falar com assistentes sociais



Os rapazes internados na Oficina de São José, no Porto, estão desde ontem proibidos de qualquer contacto com técnicos da "Qualificar para Incluir" (QPI), associação a que pertencem quatro pessoas que testemunharam durante o julgamento do caso Gisberta contra a instituição que pertence a maioria dos 13 menores implicados. A decisão, tomada pelo Conselho de Administração, surge poucos dias após a denúncia, por parte da socióloga Cidália Queirós, ao JN, de situações de maus-tratos na instituição. E também depois da morte do director-executivo, Germano Costa, por presumível suicídio.


A primeira medida tomada na sequência da decisão de ruptura total foi a proibição de entrada nas instalações da Oficina São José de dois assistentes sociais ligados à QPI. Segundo explicou Fernando Campo, um dos visados, o facto foi comunicado por Cecília Reis, membro da Administração à porta do edifício, na rua Alexandre Herculano, Porto.

Críticas no século XXI

"Foi desagradável. Não podemos ver os miúdos nem eles podem vir ter connosco", contou ao JN. Mais incomodativo, de acordo com o mesmo técnico, foi o facto de ter ouvido críticas em relação ao trabalho da associação, que presta apoio educativo, em tempo extra-curricular, a rapazes internados em várias instituições. "Disse que em cinco anos não fizemos trabalho de jeito, que as instalações estão deterioradas por nossa causa e que não estamos a ajudar crianças. Nada mais havia a discutir, pois os jornais já disseram tudo", acrescentou.

Surpreendida com a decisão dos responsáveis da Oficina de São José, Cidália Queirós, socióloga e directora da QPI, vai hoje enviar uma exposição ao Ministério da Segurança Social, de quem a Oficina recebe subsídios. Além disso, vai participar o caso ao Ministério Público. Aliás, ainda ontem, os dois técnicos comunicaram os factos verbalmente no Tribunal de Menores do Porto.

"No século XXI, uma instituição não pode ser criticada? Eu não sou associal", reagiu a socióloga e professora universitária que, à conta da proibição, deixará de receber em casa, aos fins-de-semana, dois rapazes internados naquela instituição. Afectados pela decisão serão, no total, cerca de 40 menores, que frequentavam as instalações da associação, na avenida Rodrigues de Freitas, no Porto, e eram visitados por técnicos vinculados à QPI. A cooperação entre as duas instituições era regulada por um protocolo sem termo previsto.

"Quem vai defender as crianças a partir de agora? Quem vai parar esta escalada de violência?", questiona Cidália Queirós, estranhando ainda a aparente inactividade de entidades oficiais.

Na semana passada, tal como o JN noticiou, a Direcção da Oficina S. José decidiu dispensar os serviços de uma assistente social e uma psicóloga (também ligadas à QPI) sob a forma de não renovação de contratos. As trabalhadoras continuam, porém, no activo até 30 de Setembro. A assistente social tinha sido inclusive testemunha no caso Gisberta, tal como a directora e outras duas técnicas. As declarações das quatro serviram de base a uma certidão para processo-crime no DIAP, contra responsáveis da Oficina S. José.

Associação é "entidade externa"

O JN tentou, sem sucesso, ouvir os actuais responsáveis pela Oficina S. José. Tentou, também, obter um comentário ao caso por parte de Lino Maia, presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade, que tutela a Oficina S. José, mas o padre não quis prestar declarações. Fonte ligada à Oficina explicou, porém, ao JN, que "há razões para ter sido tomada a decisão". "Apesar da validade do trabalho, a associação é uma entidade externa. E como tal não pode intrometer-se demasiado na vida da instituição", disse a mesma fonte, frisando que a Oficina ainda está a viver um período de luto pela morte do director-executivo, Germano Costa

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