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Quinta-feira, 4 Agosto 2005 00:57

EUA
Criacionismo deve ser ensinado a par da evolução nas escolas, diz George W. Bush



O Presidente norte-americano, George W. Bush, voltou a acender o debate sobre se se a teoria da evolução através da selecção natural deve ser ensinada às crianças na escola lado a lado com a ideia de que o Universo foi criado por uma inteligência superior (criacionismo). Em declarações a vários jornais do Texas, na terça-feira, Bush afirmou que as crianças deviam saber que há várias teorias sobre a criação do Universo e da vida na Terra - ainda que, para os cientistas, não exista qualquer dúvida sobre a validade da evolução, primeiro estipulada por Charles Darwin, para explicar como surgiu a vida na Terra.


"Penso que é interessante em termos de conhecimento aprender a teoria da evolução e a criacionista. Se me estão a perguntar se as pessoas devem ser expostas às várias hipóteses, a resposta é sim."

As declarações de Bush vêm confirmar as suas afirmações durante a campanha eleitoral de 2000, quando o então candidato à presidência já tinha sugerido que os currículos escolares contemplassem a teoria da evolução e as suas alternativas - que são uma explicação com base numa interpretação literal da Bíblia e num sentido religioso que não aceita que a evolução seja produto do acaso biológico e químico.

Para quem está fora do contexto americano, esta discussão parece estranha. Mas, nos EUA, a maioria dos cidadãos é praticante e pertence a uma igreja envangélica. Por isso, as sondagens que pretendem avaliar a relação dos cidadãos com o conhecimento científico têm resultados curiosos.

Quando questionados sobre o grau de certeza sobre a teoria da evolução, 30 por cento dos norte-americanos considera que é apenas uma de várias teorias para o surgimento da vida e que não existem provas para a suportar - o que não é verdade.

Em Maio, a revista Nature relatava os resultados de uma sondagem feita a adolescentes com idades entre os 13 e os 17 anos que mostra que apenas 18 por cento concordam com a afirmação de que os seres humanos evoluíram ao longo de milhões de anos, a partir de formas de vida menos avançadas, sem que se Deus interviesse no processo. Trinta e oito por cento acreditam que Deus criou os seres humanos na sua forma presente, num único momento, nos últimos 10.000 anos. O que a ciência diz é que os humanos modernos surgiram há cerca de 150 mil anos em África, evoluindo de espécies mais arcaicas.

Os estados têm direito a adaptar os currículos escolares, por isso a maneira como a teoria da evolução é ensinada surge periodicamente. Em Maio, foi o de Kansas que iniciou uma discussão, cujos resultados foram adiados para Agosto. Mas a discussão sobre se os currículos escolares devem ensinar a evolução como apenas mais uma hipótese está periodicamente a vir ao de cima.

As reacções às declarações de Bush, no entanto, não se fizeram esperar: "O Presidente está a colocar as crianças norte-americanas em risco, ao colocar a hipótese de por lado a lado a teoria da evolução e a da concepção inteligente", defendeu ontem Fred Spilhaus, director da União Geofísica Americana. O próprio conselheiro científico da Casa-Branca, John Marburger disse ao jornal The New York Times que a teoria da concepção inteligente não tem base científica e que a teoria da evolução é a pedra angular da biologia moderna.

Mas as declarações de Bush são apenas o mais recente episódio de uma verdadeira ofensiva nos meios de comunicação dos EUA dos defensores do criacionismo. Nesta frente até já participou o arcebispo de Viena (Áustria), Christoph Schonborn, que escreveu um artigo de opinião no The New York Times dizendo que o Vaticano nunca tinha aceitado a teoria da evolução.

Estão errados os que dizem que João Paulo II, numa carta à Academia Pontifícia de Ciências de 1996, aceitou implicitamente a evolução, quando disse que "há argumentos significativos a favor desta teoria", disse. Estas declarações de João Paulo II "são muito vagas e pouco importantes", afirmou Schonborn a 7 de Julho

"A evolução, no sentido de uma ancestralidade comum, pode ser verdade, mas a evolução no sentido neodarwinista - um processo sem direcção nem planeamento, de variação casuística e selecção natural - não é."

Este artigo foi interpretado como uma forma de o novo Papa, Bento XVI, marcar a sua posição indirectamente, embora Schonborn tenha frisado que o que escreveu não foi aprovado pelo Vaticano. Mas, duas semanas antes de Joseph Ratzinger ter sido eleito Papa, Schonborn diz ter conversado com ele sobre a teoria da evolução e que Ratzinger o encorajou a fazer uma declaração explícita sobre o tema. Ana Machado e Clara Barata

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