"Sim, vou casar. Sim, adoraria adoptar uma criança um dia...", desabafava à AFP Rafael Martino, 29 anos, homossexual, um dos que se juntaram à ruidosa festa, onde não faltaram a música, as bandeiras coloridas e os cartazes - nomeadamente dirigidos à Igreja, como um que dizia: "Nós, os cristãos, não discriminamos".
"Agora que alguns de nós somos mais livres, todos os espanhóis são mais livres", afirmou à Associated Press (AP) Cholo Soto, 30 anos, funcionário do Governo.
A marcha do Orgulho Gay, que inundou algumas ruas da cidade, juntou não apenas homossexuais mas também sindicalistas, políticos de esquerda, alguns dos quais do Governo, entre as quais a ministra da Cultura, Carmen Calvo - "Desta vez a Espanha não chegou tarde à História", disse - , e cidadãos comuns heterossexuais.
"Tenho um filho homossexual e vejo que está feliz. Espero que se case para conhecer a felicidade completa, tudo o resto é hipocrisia", afirmou Conchi Joya, uma camponesa andaluz que confessou à AFP ter-se sentido "a mãe mais feliz do mundo" depois do voto do Parlamento.
O diploma que faz com que a Espanha se junte ao clube restrito de países onde o casamento entre casais do mesmo sexo é legal (já acontece na Bélgica e na Holanda), foi aprovado na quinta-feira passada e entra hoje em vigor.
"A Igreja manifestou-se contra nós, agora estamos aqui para afirmar que nem todo o mundo tem a mesma definição de família que eles", declarou Marta Sanchez, 17 anos.
Na praça de Colón, foi lido um manifesto: "Com a reforma do Código Civil que permite o casamento de casais do mesmo sexo alcançamos a igualdade", relata a edição on-line do El Mundo. "Contudo, devemos ter presente que esta felicidade não é completa: as pessoas transsexuais ainda esperam a aprovação de uma lei da identidade sexual". No fim, fez-se um minuto de silêncio em memória das vítimas da sida, relata o mesmo jornal espanhol.