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Segunda-feira, 2 Maio 2005 00:59

ESPANHA
"Gays" Encontraram em Zapatero um politico de verdade.



"Tivemos sorte com José Luis Zapatero, que é um político especial e que acredita que é necessário alargar os direitos civis.


" Quem o diz é Beatriz Gimeno, a presidente da Federação Estatal das Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais espanhola. Sentada a um canto, mais ou menos recôndito, de um café do centro de Madrid, ninguém diria que esta arquivista do ayuntamiento da capital espanhola é hoje um dos rostos mais mediáticos da campanha que levou os socialistas do PSOE a avançarem com a legalização do matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. Contra a opinião da Igreja Católica, dos ortodoxos gregos, dos evangélicos e dos judeus, para além, naturalmente, de uma parte muito significativa dos partidos da oposição. Especialmente os de direita, com os populares (PP), de Mariano Rajoy, a assumirem um papel de destaque, sem que isso lhes permita, no entanto, disfarçar as divergências existentes no interior do próprio partido. Como esta semana ficou mais ou menos evidente, quando o presidente da Câmara de Valladollid anunciou publicamente, e na sequência de um apelo à desobediência civil lançado pela Igreja Católica, a intenção de vir a opor-se à celebração dos casamentos civis entre homossexuais, desafiando um dever que lhe é atribuído por lei, o que, naturalmente, provocou um enorme escândalo mediático. Horas depois, o mesmo autarca acabaria, no entanto, por recuar nas suas intenções, ao perceber que a violação da lei - que deverá entrar em vigor em Junho - implicaria a perda do mandato. Mas, nessa altura, já o presidente da Câmara de Vallodolid tinha sido desautorizado pelos principais autarcas do PP. Com realce para os seus colegas de Madrid, Valência, Málaga e Oviedo, que já garantiram que irão aplicar as novas disposições legais, mesmo que isso os obrigue, até por razões de ordem prática, a delegar a celebração de tais cerimónias nos vereadores. Nada que impressione Beatriz Gimeno, que, por estes dias, tem vindo a desdobrar-se em sucessivas declarações públicas. "Esta polémica é absolutamente artificial. Grande parte é impulsionada pela Igreja Católica, que aproveitou a eleição do Papa Bento XVI para voltar a dizer o que sempre disse. E o PP apanhou a onda, mas a lei vai entrar em vigor. E ninguém, que o queira, ficará por casar. Isso é evidente." A avaliar por aquilo que se observa nas ruas espanholas, Beatriz Gimeno tem razão. Salvaguardadas as declarações de alguns políticos mais ou menos obscuros e as reacções - algumas infelizes - da hierarquia da Igreja Católica de Espanha, este não é um tema que pareça preocupar a generalidade dos espanhóis, para quem o terrorismo, a insegurança e o emprego continuam a ser as principais prioridades. O que explicaria também os resultados de um inquério realizado há pouco mais de oito meses, quando José Luis Zapatero e o PSOE já estavam no Governo, e no qual dois terços dos espanhóis (66,2%) se declaravam a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nesse inquérito, efectuado pelo Centro de Investigaciones Sociologicas (CIS), 76,6% dos inquiridos consideravam ainda que a homossexualidade era apenas "uma opção sexual distinta", enquanto 79% entendiam que era "tão respeitável" como a heterossexualidade. O que parece dar, outra vez, razão a Beatriz Gimeno, quando, a meio da conversa, realça o facto de a Espanha ser, actualmente, um dos países mais secularizados da União Europeia, dando origem a "uma moral sexual muitíssimo progressista".

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