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Quarta-feira, 1 Dezembro 2004 00:59

PORTUGAL
Mais de Metade das Portuguesas com VIH têm menos de 35 anos



Acompanhando a tendência mundial da epidemia, em Portugal são cada vez mais as mulheres infectadas com o VIH; cerca de 60 por cento têm menos de 35 anos.


Não é por isso de estranhar que a prevalência da infecção nas grávidas seja mais alta do que na Europa ocidental: no ano passado foram detectadas cerca de 600. Hoje assinala-se o Dia Mundial da Luta contra a Sida que este ano tem como tema "Raparigas, mulheres e HIV/sida". A tendência vem-se consolidando em Portugal: com o aumento da transmissão por via heterossexual - que há muito ultrapassou a homossexual mas ainda não superou os toxicodependentes -, o universo feminino vai sendo cada vez mais afectado, revelam dados do primeiro semestre deste ano recolhidos pelo Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis (CVEDT) do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Em 2003, as mulheres eram em Portugal 15 por cento do total de infectados com VIH; números do primeiro semestre deste ano apontam para os 17 por cento; a média na Europa ocidental é de 18 por cento, refere o relatório "Mulheres, VIH e sida", do CVEDT. "A transmissão heterossexual sofre um acréscimo nas mulheres em todos os grupos etários", sublinha-se. Significativo é o facto de no primeiro semestre de 2004 terem sido recebidas 445 notificações de VIH/sida referentes a mulheres; em igual período de 2003 tinham sido bastante menos: 279. Embora se fale em Portugal do início de uma outra tendência - há cada vez mais mulheres idosas infectadas -, continuam a ser as mais jovens a predominar. Mais de metade (60 por cento) das 1134 mulheres com VIH têm menos de 35 anos, estão em plena idade reprodutiva. No ano passado obteve-se pela primeira vez uma ideia fidedigna do número de grávidas infectadas em Portugal (não apenas com base em notificações, mas em rastreios anónimos). Num total de 120 mil partos realizados estavam infectadas com VIH/SIDA 0.5 por cento das grávidas - o que dá um total de cerca de 600, em contraste com os 0,2 por cento na Europa ocidental, explica o presidente da Associação Portuguesa do Estudo Clínico da Sida, Lino Rosado. Mas esta taxa era bastante superior, chegando a um por cento nos distritos de Lisboa, Setúbal e Faro, onde estão concentrados muitos imigrantes. O estudo será repetido em 2004. Com o aumento do número de mulheres infectadas, muitas em idade fértil, haverá um aumento lógico de mulheres seropositivas que engravidam, comenta Alexandra Zagalo, médica do serviço de doenças infecto-contagiosas do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A médica relembra que 80 por cento da população feminina infectada a nível mundial se encontra em idade reprodutiva. Cristina Guerreiro, ginecologista da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, explica que as razões para as mulheres serem mais vulneráveis são também anatómicas. Numa relação heterossexual sem preservativo, o risco de infecção durante o acto sexual é de três a quatro vezes superior em mulheres. Isto porque têm uma maior superfície mucosa exposta; o pénis é coberto de pele e só a glande é mucosa, explica. A vulnerabilidade das mulheres liga-se também com uma questão de poder: "A vontade do parceiro sobrepõe-se; há ainda muitos companheiros que se recusam a usar o preservativo", refere Alexandra Zagalo. Por outro lado, considera que o preservativo ainda não é suficientemente acessível em termos de preços e dos locais onde está disponível. Alice Cabugueira, ginecologista e obstetra do Hospital Dona Estefânia, também na capital, vai mais longe: "Como é que se pode pedir a uma pessoa que ganha 60 contos que compre preservativos? São caríssimos. O verdadeiro investimento ao nível da prevenção seria a sua distribuição gratuita." O total de doentes com VIH em Portugal era nos primeiros seis meses deste ano de 11.263; os 24.776 casos notificados incluíam todas as fases da doença. No mundo, quase metade dos 37,2 milhões de pessoas entre os 15 e os 49 anos que vivem com VIH/sida são do sexo feminino. [editado por PortugalGay.PT para substituir "SIDA" por "VIH" onde aplicável, e esclarecer que há mais de 10 anos que o número de infectados por via heterossexual é maior que os infectados por via homossexual]

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