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Domingo, 1 Maio 2005 00:59

PORTUGAL
JSD de Leiria quer casamento entre homossexuais na agenda política



A JSD de Leiria vai lançar um debate a nível interno sobre o casamento entre homossexuais, com o objectivo de apresentar um projecto em prol dos direitos humanos, anunciou João Costa, presidente daquela estrutura política, no final de um encontro intitulado JSD debate-se: casamento entre homossexuais, que decorreu ontem em Leiria.


Determinado a introduzir o assunto na agenda política, João Costa lamentou que os conselhos executivos das escolas secundárias e os presidentes das escolas do ensino superior de Leiria se tenham recusado a divulgar a iniciativa, com o argumento de que se tratava de um debate político-partidário ou um tema sem pertinência para os alunos.

Além dos obstáculos na divulgação do debate, o presidente da JSD de Leiria não escondeu a dificuldade em conseguir encontrar oradores heterossexuais disponíveis para participar no encontro. "É quase inédito uma estrutura de Direita estar a debater este tema, mas a iniciativa é de respeitar e apoiar", observou.

A este propósito, João Costa defendeu a necessidade de debater o tema, não só por entender estar na ordem do dia como por não lhe ser dado o "respeito e consideração" que merece. "O debate nas legislativas foi mau e irresponsável. O PSD também não esteve à altura. Também não se portou bem. Transformou-se uma questão problemática numa bandeira eleitoral, à qual só é dada atenção na altura das campanhas eleitorais. Ficámos a olhar para o vazio", afirmou.

O presidente da Opus Gay, António Serzadelo, associou-se ao presidente da JSD ao afirmar que a luta dos homossexuais é em defesa dos "novos" direitos humanos, que todos deveriam apoiar, e não uma luta de esquerda. "Também há muita homofobia no PS, no PCP e no Bloco de Esquerda", assegurou. "Estamos a discutir um tema que tem a ver com o futuro, com uma sociedade mais democrática, mais solidária, onde não haja tanta exclusão social", afirmou Serzadelo, que salientou que a hostilidade não afecta apenas os homossexuais, mas também as mulheres, deficientes, ciganos, idosos, imigrantes de Leste e de origem africana. "Este é um país que fabrica muitas exclusões sociais. Põe muita gente à margem", acusou.

Embora seja casado com uma mulher, António Serzadelo assumiu-se como homossexual e defendeu a necessidade de alterar a lei portuguesa, no sentido de permitir que pessoas do mesmo sexo possam estabelecer um contrato social, que possa ser anulado quando as partes se deixarem de entender.

João Paulo, do movimento Portugal Gay, congratulou-se por a lei que reconhece as uniões de facto ter sido aprovada com votos favoráveis da JSD. Mas lamentou que não tenha previsto que os homossexuais possam ser herdeiros dos bens do companheiro, decidir o destino a dar ao corpo do companheiro após a sua morte ou ter prioridade nas visitas hospitalares. "O 25 de Abril foi há 31 anos. Após este tempo todo, ainda temos gente em Portugal à espera que a revolução lhes bata à porta", disse.

O debate contou ainda com as intervenções de um advogado heterossexual e de dois homossexuais que procuraram outros países para formalizar as suas relações com indivíduos do mesmo sexo, através do casamento. O presidente da Associação Pais Para Sempre, João Mouta, contou que esteve casado dez anos com uma mulher, da qual tem uma filha de seis anos, que vive com ele e com o seu marido, Fernando. Em resposta a uma pergunta da assistência, assegurou que a filha encara a sua relação com naturalidade, pois percebeu que existia um "relacionamento profundo" entre ambos. "É o comportamento do indivíduo que leva à sua própria aceitação", sustentou. A sua experiência permite-lhe, por outro lado, garantir que as crianças educadas por casais de homossexuais em nada diferem das crianças educadas por casais de heterossexuais.

Apesar de a assistência se limitar a 25 pessoas, o debate entre os cinco oradores suscitou muitas perguntas do público, maioritariamente jovens. António Serzadelo esclareceu a dúvida que terá invadido todos os presentes no encontro quando anunciou que era casado com uma mulher, apesar de ser homossexual. "Não imagina quantos milhares de homens são casados com mulheres e elas nem sonham que eles têm uma vida dupla. Há milhares de homens casados, o que não fará deles heterossexuais", confidenciou.

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