CJ: Vou-te contar uma estória triste, e você vai ver se não é para eu subir nas paredes. Eu recebi hoje um telefonema da SIC, do programa da Catarina Furtado, "Catarina.com", o jornalista fala assim: "estou muito interessado em fazer uma entrevista para o programa da Catarina, então vou vestir-me de marinheiro e vou para o seu festival fazer umas perguntas engraçadas para o seu público"... respondi: "não vai não, não vai fazer isso." Estou farto deste tipo de coisas, detestei aquele programa que teve durante o Pride, aquele tipo de pergunta, uma pessoa estúpida, faz uma pergunta estúpida para uma pessoa estúpida responder. Não é o caso, e a comunidade por mais que eu diga que o festival não é feito só para ela, ela é muito cega e boba... é muito pouco inteligente... a comunidade não sabe tirar uso do seu festival.
PG: A comunidade, a teu ver não está formada, educada nesse sentido?
CJ: Não esta formada, não está educada, não há lobby em Portugal, não há dinheiro rosa em Portugal, não há nada: que ilusão. As pessoas em geral estão aterrorizadas com algo que pensam que existe, não é o caso, porque não existe mesmo. A própria comunidade não esta educando muito, tem que tomar posturas, quanto mais a comunidade se fechar nela própria mais ela está perdendo, mais segregada vai ficar. Se ela própria se segregar, não se impor como qualidade, então ela está perdida à partida. Num país como este, temos vantagens a nível da nossa própria diferença. Vamos fazer o quê? Cometer os mesmos erros que já aconteceram nos EUA e outros países?
Entrevista realizada pelo PortugalGay.PT em 22 de Setembro de 2002.
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