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Celso Júnior - 6º Festival GL

Divulgação e Apoios

PG: Por falar em mupis e cartazes: este festival pecou por falta de informação para o exterior?

CJ: Não pecou... nunca este festival investiu tanto em comunicação social como este ano. Claro que nós perdemos algumas benesses da Câmara Municipal de Lisboa (CML), perdemos os mupis, a divulgação internacional em Berlim do cartaz, os postais vieram errados... mas o problema não é a CML. Não ter colocado os mupis... certo que dava uma maior visibilidade mas não era fundamental. E a quantidade de dinheiro que gastei promovendo um filme como o da Yvone Bezerra (um documentário realizado por Monika Treut, rodado no Brasil) que durante sete meses nós trabalhamos? Foram enviadas mais de 40 cópias do filme para diversas entidades: jornalistas, a Maria José Rita esposa do Sr. Presidente, pessoas da direita, pessoas da esquerda, personalidades e... niguém respondeu. A excepção foi Laurinda Alves da revista "Xis" (Jornal Público) que achou imensa graça na cópia, deve ter sido a única que viu, porque onde é que estão as respostas? A quantidade de material, veja as contas do festival e veja a quantidade de cassetes, CDs, fotografias,...o que saiu nos Jornais este ano?

PG: Explica-me uma coisa: como é que eu estou uma semana em Lisboa por causa do festival e quando refiro isso nas minhas conversas, o comentário que fazem é "que festival?". Será desinteresse? Falta de saber procurar? Não há onde procurar? Ou faltou alguma coisa apoiando-vos na divulgação para dentro da comunidade GLBT?

CJ: Repara bem uma coisa, normalmente tenho uma postura um pouco mais condescendente com a imprensa em geral, contigo eu vou às claras, não só pelo à vontade, mas também porque eu acho que você está em cima do acontecimento a nível de informação sobre a comunidade GLBT. A comunidade é absolutamente "banana", não se mexe. É que não se mexe mesmo para saber o que está a acontecendo. Você quer saber uma coisa? Há jornalistas que chegaram para mim e tiveram o cúmulo de falar, "você só tráz coisa que ninguém conhece.", mas que jornalistas são estes? A quantidade de coisas com a noite de Lisboa que eu tentei fazer, uma grande festa com este festival, por exemplo, e nunca tive resposta. Tem muita coisa que me incomoda mais do que a CML, não creio que por uma questão de... como dizer... não foram "sacanas", cheirou mais a incompetência: estão despreparados, é novo aquilo para eles, mexer com isto tudo, tem coisa que mais me incomode que apesar dos cortes que este ano a gente teve, o festival só aconteceu graças à CML! Tem noção disso? Não aconteceu graças a mais ninguem, foi a CML que ainda fez este festival, com as dificuldades todas... quer dizer nós temos alguma autonomia, mas...

PG: Mas não devia ser a CML a apoiar este festival?

CJ: É claro que não devia, evidente que não, deviam ser outras instituições. Eu acho que a comunidade está muito mal informada, muito... a comunidade está debilitada. Certas instituições em que nós chegamos... você sabe o que é uma embaixada do Brasil? Eu liguei e disse "Eu sou do festival de cinema gay e lésbico..." e desligarem o telefone nem sequer me deixarem terminar a frase! Sabe o que é o Instituto Italiano dizer que não está interessado neste tipo de evento!? A Fundação Gulbenkian, a Gulbenkian... quer dizer... nem me respondeu! Nem sequer um fax! A mesma coisa a nível da Presidencia da República. Eu ainda prefiro que uma pessoa tenha a dignidade de me dizer não, e a comunidade... Quem é a parte visivel nesta estória toda? Quem recebe as culpas é o próprio festival, a incompetência passa para nós... Farto, estou absolutamente farto deste tipo de coisas! Onde está o "Lobby" que tanto falam e que não existe mesmo... Porque ele não existe! A comunidade que saiba e comece a trabalhar no sentido de ver grandes expressões, grandes nomes, grandes marcas, perfumes, as roupinhas que eles compram, e que se estão f*dendo para nós todos, eu nunca senti na pele tanto perconceito quanto este ano. É claro que ninguem me chamou de paneleiro, nunca ninguem me chamou de paneleiro na rua ou coisa do género. O perconceito que senti este ano é um perconceito que não dá para lutar contra: o silêncio, a indiferença geral, e da comunidade a posição foi igual. Recebi e-mails este ano me esconjurando pela página que não tinhamos... claro que receberam a resposta como tinha que ser: é que não dá!

Entrevista realizada pelo PortugalGay.PT em 22 de Setembro de 2002.
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