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A Gala dos Travestis

Carlos Castro:

Se aparecem 30
ou 40 a dizer:
eu quero participar
eu não posso dizer
vão-se embora!
AS: Vamos agora entrar num outro campo, porque você se tornou conhecido, e simpático a muita gente porque organiza um grande evento que interessa à comunidade gay e à comunidade em geral, que é a noite dos travestis que é um dos grandes apanágios da Abraço. Diga-nos lá como você entra aí, o que lá faz...

CC: Isso aconteceu, porque eu fiz no Trumps em Lisboa, um espectáculo logo a seguir aquele boom enorme que houve das pessoas conhecidas que morriam de SIDA, porque não é só os homossexuais que apanham a SIDA, como se tentou propagar neste país que era só uma doença de maricas...

AS: Não foi só neste país...

CC: Sim, mas neste país foi muito... total. E entretanto fiz um espectáculo chamado "Nós somos o que somos", e que teve um êxito enorme, teve um ano em cena no Trumps, e que o protagonista era precisamente a Ruth Briden. Aquele espectáculo teve um êxito muito grande de público, de imprensa, foi muito bom, foi muito bom o espectáculo. E entretanto a Margarida Martins e a Drª Maria José da Abraço, convidam-me para um jantar e perguntam-me como é que eu via fazer-mos uma gala dentro de uma perspectiva de travestis. E eu disse que sim, tinha muito gosto. Entretanto o Dr. João Soares, presidente da câmara aceitou de braços abertos a ideia, deu logo o S. Luis de imediato. Eu posso dizer que este ano é a oitava gala (se eu estiver inteiro, esperemos que sim...). E eu faço a oitava gala sem um tostão, que eu não tenho ajuda nenhuma para fazer esta gala, só a vontade grande, grande, dos travestis, dos transsexuais, de toda a gente, e de outros artistas que não são desta área e que colaboram. Aquilo é um trabalho muito grande, eu sei que é muito, muito pesado e eu digo sempre que nunca mais faço, por chateio-me muito, aborreço-me tanto, porque como se sabe todos os artistas, os travestis querem entrar e é impossível. Porque uma vez fiz um espectáculo que terminou às três da manhã e eu fui cruxificado, até pela comunidade gay. Eu acho que não tenho a culpa, porque se aparecem 30 ou 40 a dizer: eu quero participar eu não posso dizer vão-se embora. É isso que toda a gente tem que ver que quando eu faço as coisas, é com toda a hombridade, a maior das boas vontades, é para ajudar. E foi sempre isso que eu fiz. E inclusivé o dinheiro da bilheteira, nunca fiquei com o dinheiro da bilheteira, e esse foi sempre entregue à Abraço.

AS: E é bastante o que a bilheteira faz?

CC: São milhares de contos que se ganha naquela noite, isso posso dizê-lo. Porque eu vendo 200 bilhetes, além de preparar o espectáculo, eu telefono do meu telefone e vendo 200 bilhetes a figuras públicas.

AS: Quanto faz cada bilheira?

CC: Uns milhares, uns 4 ou 3 mil e tal contos.

AS: E qual o destino específico desse dinheiro? Você controla?

CC: Não controlo... porque o dinheiro é entregue à Abraço e a Abraço poderá depois reponder sobre esse dinheiro. Mas eu creio que, eu sou uma pessoa de boa crença...



Esta entrevista foi transmitida no programa Vidas Alternativas da Rádio Voxx (91.6 Lisboa, 90.0 Porto) no dia 19 Julho 2000.
Transcrição autorizada para o site PortugalGay por António Serzedelo.
 
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Carlos Castro

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