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Dia da Liberdade
 

O início nos espectáculos

Carlos Castro

Fiz dois anos,
ganhava 100$00 por
dia, vivi e sobrevivi
CC: É verdade. Eu concorri a um concurso, que as pessoas lembram-se com certeza, da Cornélia em setenta e tal. E eu ganhei o concurso todo, total, ganhei a prova escrita, a prova cantada, a prova de travesti, ganhei tudo, tudo. A Guida Scarlate na altura tinha o Scarlate, e o Scarlate estava no auge e ela tinha estreado as Girrrrls que foi um fracasso total naquela noite tinha sido um fracasso para a imprensa e então encontrei-os muito desolados. Eu conhecia-os mal, só conhecia a Rute Briden que na altura era Rute Baton e que era uma pessoa muito amiga desde essa altura e que me ajudou bastante. E entretanto...

AS: E você também lhe pagou com inúmeras homenagens que tem feito...

CC: Sim, sim. E então a Guida convida-me para refazer o espectáculo. Eu fiz uma versão minha e que ficou um ano em cena. Eu metia um palhaço, que eu dizia ser a consciência de um travesti, não sei se um travesti tem consciência e depois comecei a pensar nisto muitas vezes e um dia uma das estrelas faltou e tive que eu deixar de ser o palhaço e lembro-me que pintei-me e fiz a capuchinha uma coisa da música ligeira portuguesa. Acho que ridicularizava bastante o personagem, porque até chamava de Miss Pigui, era um burlesco que eu gostava muito de fazer, e quem me conhecia e me conhece sabem que só uma pessoa muito triste e muito só, e as pessoas pensam como é que fazia aquilo com muita graça. E fiz dois anos, depois fiz o Scarlate, o Rocambol Tramblot, com o Rocha que já morrei como sabem, fiz muitos espectáculos, que foram grandes êxitos na aquela altura. E tenho críticas muito boas daquela época. Fiz dois anos, ganhava 100$00 por dia, vivi e sobrevivi. Depois houve uma jornalista da Nova Gente, a Maria Alvira Bento que viu um espectáculo que era o 100 dias no poleiro em rotação alterada, que era uma grande piada à Maria de Lurdes Pintassilgo que tinha ficado 100 dias no poleiro precisamente, foi muito giro. Aliás a Natália Correia esteve presente nesse espectáculo gostou imenso. E a Maria Alvira convidou-me para escrever para a Nova Gente, que eu já escrevia em África e ela conhecia-me de África. E prontos de colaborador, fiquei um acérrimo jornalista, tirei a minha carteira profisional em 77 no sindicato, tenho-a há 23 anos, e prontos foi isso aconteceu.



Esta entrevista foi transmitida no programa Vidas Alternativas da Rádio Voxx (91.6 Lisboa, 90.0 Porto) no dia 19 Julho 2000.
Transcrição autorizada para o site PortugalGay por António Serzedelo.
 
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